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domingo, 12 de fevereiro de 2012

Relato: cicloturismo em Mogi x Trindade pelo ciclista Tuca.


Ae Galera
Foi uma grande trip de bike, a primeira de muitos ciclo turismo que quero fazer, decidi vendo vídeos e entrevista de pessoas que viajavam de bike, Patagônia, Estrada Real, Volta ao Mundo e muitas outras aventuras de bike, demorei de 6 a 7 meses para organizar, tempo em que me planejei, fui arrumando a bike com a ajuda do Evandro da Van Bike adquirindo acessórios para a bike (freio hidráulico, bagageiro, firma pé e etc...), planejando por onde ir, onde parar o que levar e tudo mais (depois você vê que sempre leva o que não precisa ), inclusive muito treino.

Após ter comprado os alforjes traseiros, que foi muito difícil de encontrar, tive que ligar na Probike e verificar onde vendia no Vale, depois que comprei não podia mais desistir, não tinha mais volta, marquei a data para o dia 29 de janeiro, destino; Mogi x Paraty, passando pela Ilha Bela, isso foi o planejado, iram ver que fiz algumas mudanças, fiquei monitorando o tempo na semana, pois choveu muito e se não parasse não iria.

Quando o dia chegou acordei, tempo firme e parti com a Bia para Mogi local de saída, preparei a bike e comecei a pedalar, no inicio tudo bem, algumas subidas e descidas na estrada de Mogi x Bertioga (escolhida por ser a menor serra para chegar no litoral), toda com acostamento 18 km e mais 10 km de descida sem acostamento e uma vista maravilhosa, o perigo da falta de acostamento foi compensado com a educação de 99% dos motoristas que passavam a distância da bike e até esperando em pontes. A velocidade máxima na serra foi de 61 km/h com uso constante de freio, nunca havia descido uma serra assim muito menos com bagagem de 15 kg.

Chegando na Rio x Santos peguei a direção para São Sebastião, andando pelo acostamento e parando para pegar água vendo as belas praias do caminho, o foda foi chegar a praia e não poder entrar na água, pela falta de ducha (seria complicado andar com sal), fui andando e parando nas praias empolgado com a pedalada quando vi já havia andado 70 km, que erra o que eu tinha programado, comecei a procurar onde ficar, havia achado vários camping na região pela internet, mas quando cheguei estavam desativados,  continuei e só fui parar em Boiçucanga , andando 97 km com uma média de 13,76 km/h, estava pregado e com fome, como havia andado mais que devia fui para uma pousada para ficar confortável, encontrei um casal de Argentinos vendedores de prata e uma galera de Porto Alegre. Dei um tratinho básico na bike, pois tinha andado pela praia, passado por alguns riozinhos e não poderia deixar de qualquer forma.

Acordei na segunda feira já erra tarde umas 8h00, arrumei a bike me despedi do povo da pousadinha e peguei a estrada, parei em uma padaria para tomar café, fui praticamente assaltado pagando R$ 7,00 por um misto quente, um roubo! Comecei a pedalar e tinha pela frente o maior de todos os desafios a subida de Boiçucanga para Maresias indo devagar iria conseguir, grande engano uma serrinha muito cruel de 3,5 km, onde se sobe 318 m com muita inclinação, praticamente empurrei todo a subida, quando vi a placa “Fim da Faixa Adicional a 300 m” a placa mais linda do todas, pois geralmente significava que a subida estava no fim, levei uns 30 minutos nessa subida, quando fiz a ultima curva avistei a descida e que descida, de novo sem acostamento, tive que usar muito o freio, quase no finalzinho a recompensa o Mirante de Maresias, muito bonito. Depois de algumas fotos quando estava acabando de descer a serrinha encontrei uma figura subindo de bike, o único ciclo turista que achei o Italiano Máximos, estava vindo do Rio de Janeiro com uma bike bem discretinha e simplesmente com uma bolsa no bagageiro e nem imaginava qual seria seu destino, trocamos idéia falei o que ele iria encontrar pela frente e cada um pegou seu rumo, mais isso me deu força, pois eu que estava em casa, havia planejado por muito tempo e que se tivesse algum problema estava praticamente a 2 horas de um provável resgate, porque não! Dei de cara com uma pessoa que nem sabia onde ia, com equipamento inferior e sem falar direito português, isso foi um aviso que eu iria terminar o que comecei pois a subida havia sido muito cruel.

Em Maresia graças a Deus, havia ducha na praia deu para dar um mergulho tomar uma água de coco e seguir em frente, quer dizer seguir a cima, he São Sebastião para ter morro, subida e mais subidas e algumas cachoeiras pelo caminho que eram a salvação do dia onde o sol e a subida estavam cruéis.

Quando cheguei em Guaecá, consegui de novo dar um mergulho e sinceramente lá eu iria mergulhar mesmo sem ducha pois é uma praia maravilhosa que me trás muitas boas recordações.

Seguindo para a cidade começou um dilema em meu planejamento original, iria para Ilha Bela? Para a Praia de Jabaquara a 20 km da balsa, e agora o que fazer?  Ir até lá ou para Caraguá,  as subidas acabaram comigo estava pregadão, tanto pelo acumulo de 97 km do dia anterior como também pelas subidas, tanto que mudei o nome da cidade agora para mim é São Sebastião do Morro Grande, decidi ir para Caraguá! Mas tinha o desafio da serra, que para minha surpresa, foi muito menor que eu imaginava, subida gradativa e uma vista maravilhosa  de toda a baia de Caraguá, chegando lá fiquei no apartamento de minha mãe durante um dia fiquei  para descansar e deixar o excesso  de bagagem. Nesse dia andei 71 km em 6h31 , média de 10,87 km/h.

Depois de um dia sem pedalar e recuperar as energias na quarta-feira dia 01/02 peguei a estrada novamente, subindo a serra da pedreira de Caraguá que foi mole, depois de São Sebastião do Morro Alto, não seria qualquer morrinho que iria me segurar. Ao passar pela Massagaçu  fui recebido por uma dúzia de golfinhos, nada melhor para começar o dia, esse era o trecho que mais conhecia e que pude ir em varias praias, foi o trecho mais fácil que apesar do transito intenso, todo com acostamento e bem estruturado. O trecho terminou na Praia do Prumirim, quem conhece sabe o porquê foi escolhida para acampar. Nesse dia andei 42 km em 3:24 horas com média de 14 km/h.

No dia seguinte sai as 8h00 do Prumirim, e comecei a pedalar por onde sabia que seria a parte mais bonita e deserto de todas, não tinha lugar para tomar café, fui a base de social clube, depois de alguns km vários carros passando um passou bem devagarzinho e parou no final do morro, sai um cara do carro com roupa de bike e começa a me filmar, era o Paçoca de Sorocaba que também anda de bike e já havia feito varias ciclo viagens  Caminho da Fé, Estrada Real e inclusive São Thiago de Compostela. Trocamos uma idéia contei de onde estava vindo e para onde ia, trocamos e-mail e cada um seguiu seu caminho, continuei pelo belo e deserto caminho que era repleto de bicas de água que foi a minha salvação. Após passar a praia da fazenda começa a subida de 9 km que vai até a divida do estado, parei na cachoeira da escada onde tem um Tiozão dono do bar, o grande sábio! que tem resposta pra tudo e faz um belo lanche, dei um tempo ali e parti para os últimos metros de subida até chegar no estado do Rio, que é visível a piora da estrada, do acostamento e da sinalização, mas por não ter movimento é muito tranquilo.

Cheguei na entrada de Trindade, teria que enfrentar o tão temido “Deus me livre”  que ao iniciar a subida com a técnica de empurrar fui agraciado com uma alma bondosa, que parou com sua caminhonetinha e me deu carona até a o trevo de Laranjeira. Iniciei uma descida muito punk! Usei muito o freio, mas para chegar ao paraíso foi tranquilo, cheguei ao Cepilho e a primeira providencia foi entrar na água lavei a alma, nesse trecho andei 42,64 km em 3h25 com uma média de 12,50 km/h.

Instalado no camping que sempre fico, conheci um camarada o André gente boa de Leme, tomamos uma cerveja e rolou até churras. Trindade para variar maravilhosa ainda mais com o Cachadaço quase vazio, sol e petiscos, ai surgiu a pergunta “Para que sair daqui?”. Resolvi ficar até sábado dia 5 quando a Bia foi me buscar.

Com certeza foi a trip mais louca que fiz até hoje, pela dificuldade, pela distância e por não saber o que esperar pela frente, mais graças a Deus deu tudo certo, pois Ele me acompanhou por todo o trajeto e mesmo nas horas mais difíceis Ele me acalmava e me dava forças para continuar meu trajeto, foram 286 km pedalados em 20h20 minutos, sem nenhum problema, sem nenhum pneu furado e sem nada de errado.

Gostaria de agradecer a todos que gostaram da trip e dizer que quando quiserem fazer uma dessas estou à disposição para dar dicas e acompanhar, também gostaria de agradecer aos meus grandes amigos Claudinho e Wander que sempre me incentivaram e me iniciaram nessa vida viciante de andar de bike.

Boas pedaladas a todos!

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